O resgate necessário da educação - CNN






Batemos no fundo em todos os testes internacionais de avaliação das aprendizagens. E é simples perceber porquê.

Não precisamos recuar assim tantos anos para recordar o que nos levou aos bons resultados. Enquanto tivemos uma escola alicerçada em pilares sólidos como um currículo estruturado, uma avaliação rigorosa e um apoio cirúrgico aos alunos com dificuldades, os resultados acompanharam. Nesse período, sob a salvaguarda das políticas públicas onde estas premissas eram relevantes, a educação portuguesa floresceu, alcançando patamares de excelência reconhecidos internacionalmente.

No entanto, no Governo da Geringonça, tal e qual um navio que se distancia do seu rumo inicial, a educação portuguesa foi assaltada por uma ideologia de experimentalismo e enveredou por caminhos onde a avaliação foi desvalorizada, e o currículo foi esfrangalhado com a flexibilização que, em vez de libertar, aprisionou o potencial dos alunos.

A supressão da monitorização com peso no final dos ciclos e a adoção de um currículo de aprendizagens essências, que não foi mais do que uma subtração de conteúdos, revelaram-se bússolas avariadas, desorientando o sistema educativo e os seus atores, conduzindo-os aos piores resultados de que há registo nos testes internacionais.

Os números são inequívocos, houve nesse período um declínio contínuo e preocupante, um verdadeiro retrocesso que nos colocou novamente longe daquilo que é suposto. Engane-se quem considera que este retrocesso é apenas estatístico, pois quem frequenta a escola percebe que é um pronúncio de um futuro onde a falta de preparação dos nossos jovens traduzir-se-á, já há evidências disso, em desigualdades sociais e económicas.

É preciso ter coragem para reverter esta situação e reconduzir a educação ao seu rumo original. A avaliação, que nessa época começou a ser vista como um fardo, é na realidade um farol que deve iluminar e orientar o caminho da aprendizagem, permitindo identificar as áreas que necessitam de uma intervenção mais incisiva e assim adaptar as práticas às necessidades dos alunos.

Temos de apostar num currículo coerente e progressivo, onde as aprendizagens façam sentido, onde haja um encadeamento com propósito.

Só assim teremos uma base sólida de conhecimento capaz de capacitar os alunos na construção do seu futuro.

Não vale a pena continuarmos no caminho ilusório de que as competências, dissociadas dos conhecimentos, são o caminho para o sucesso. A aprendizagem, a aquisição de conhecimento, deve ser encarado com um puzzle, onde cada peça é essencial para a construção de um todo harmonioso. Nesse puzzle os conhecimentos dão sentido e profundidade à aprendizagem, tornando-a relevante e duradoura, tornando os alunos competentes.


As lições do passado devem-nos ensinar a não repetir os mesmos erros com resultados danosos aos nossos alunos. Devemos lutar por um currículo coerente, uma avaliação rigorosa, onde as retenções sejam também um recurso, onde não seja eliminado da equação o esforço e empenho do aluno. Se queremos retomar o rumo certo, conduzindo os nossos jovens a um porto seguro de conhecimento e oportunidades, o caminho é este!

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