Quem é o "pai" do Francisco Silva?
Um pseudónimo, um texto e o caldo entornou!
“Continuava a escrever nos jornais estando no Governo?
Sim, sob pseudónimo. Manuel de Reimonde.”
A passagem é de uma entrevista do Professor Santana Castilho, em setembro de 2022, ao Jornal Sol, e é demonstrativa de como desde sempre em Portugal os autores usaram pseudónimos para poderem escrever determinadas coisas que pensavam, mas que por uma ou outra razão não o poderiam, naquele momento, assumir em nome pessoal, por variadíssimas razões que não interessa, ou até pode interessar a alguns que ficarão na dúvida eterna!
A personagem Francisco Silva, como outros pseudónimos que tive no contexto do Blogue VozProf, foi criada para dar guarida às denúncias que chegavam ao blogue sobre a situação calamitosa do S.TO. P. – As denúncias chegavam de forma mais ou menos anónima e apareciam como sendo escritas pelo tal Francisco Silva, para proteção dos denunciantes. Imagem de IA, nome demasiado comum para se distinguir de entre os 130 mil professores e, por isso, estava tudo bem!
O problema parece ter sido quando o mesmo pseudónimo “cascou” forte e feito nos críticos dos diretores. Quem não sente não é filho de boa gente, diz o ditado popular e, eu, estando atualmente como diretor senti! Senti, legitimamente e escrevi, livremente, sob pseudónimo aquilo que não me custa absolutamente nada em assumir.
Na verdade, quem quiser reler o texto perceberá que mais não é que uma crítica, feroz, é certo, aos sempre prontos a apontar o dedo, aos sempre prontos a apontar a farpa no olho do próximo, mas com dificuldade em ver o tronco na frente do deles. Serão muitos ou poucos, não sei, não quantifiquei, não generalizei, mas que há, lá isso há!
Há aqueles que nunca estão contentes com o que os outros fazem, mas são incapazes de fazer!
Há aqueles para quem nunca nada está bem, mas são incapazes de apontar uma só solução.
Há aqueles para quem as direções são o mal maior das escolas, mas são incapazes de refletir sobre os próprios comportamentos e a forma como estes influenciam ou não a postura do outro para com ele…
Este tipo de situações acontece amiúde nas escolas, sim! Acontece, também, em várias áreas e é um comportamento muito típico entre nós, humanos. Mas nem por isso imune a críticas.
Criticar é fácil, entender o papel do outro e conseguir colocar-se no lugar do outro é bem maís difícil. Quando criticamos os diretores sem perceber a nossa responsabilidade nas suas ações, estamos a querer colocar-nos fora da equação e isso, como se sabe, é perigoso, pois somente a obediência é que dá direito ao mando. E se há diretores autocratas é, também, por culpa das comunidades. Não tenho dúvida nenhuma disso!
Outra narrativa que vai fazendo escola entre a classe, com a qual discordo em absoluto e que aumenta esta ira crescente contra os diretores, é o facto de se considerar que um professor, que é mesmo professor, não pode sequer pensar em ser algum dia outra coisa que não seja professor e estar na sala de aula, como se esses fossem, pela falta desse pensamento, mais que os outros. Sendo que os que pensam são logo coroados com alguns dos piores adjetivos logo ali à mão.
Mas afinal donde colheram essa sentença? Do regulamento de uma madraça?
Ademais, uma coisa é estar contra o modelo, outra coisa é estar contra os diretores na globalidade só porque o são neste modelo, num confrangedor autorreferencialismo e ditadura de pensamento. Não posso estar de acordo! E não estou!
Até porque, quem me conhece e comigo convive sabe perfeitamente que considero que são as pessoas que fazem os lugares e não o inverso e mesmo neste modelo é possível fazer-se bem, democraticamente, auscultando e envolvendo todos. Basta querer, pois não há impeditivo legal nenhum.
Do texto não retiro uma vírgula…sobre o Francisco? Não tem família e morreu!
Alberto Veronesi
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